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No filme de terror constante que se revela a actualidade que somos forçados a suportar, só faltava o episódio do regresso dos mortos-vivos. A relação entre os comentaristas políticos da Televisão e a Governação é perversa, mas, até agora, no sentido de se poder encarar a actividade vampiresca das análises pagas e emitidas como trampolim para acupação de órgãos decisórios, ou para a participação neles. Quando ex-líderes que não tenham chegado ao Poder passam a botar faladura sobre os eventos quotidianos há uma degradação, mas funciona como uma espécie de consolo compensatório pelo fracasso, apesar de não abonar quanto ao campo de recrutamento das redes emissoras, cingido ao critério da notoriedade, mesmo que por motivos infelizes. É o que se passa com Marques Mendes, já que o caso de Marcelo, ao configurar um regresso às origens, é diferente. Mas chamar à função um Primeiro-Ministro passado e falhado é um erro que subverte o próprio molde do programa que se anuncia. De cada vez que fizer uma crítica aos actos da presente Administração, estará decerto no seu inconsciente e na hiperconsciência dos espectadores uma apologia, ao menos comparativa, da sua condenada acção. E se a isenção das apreciações está ainda mais irremediavelmente comprometida do que de costume, a forçada apresentação do seu passado, pairando como alternativa ou causa, acabará por transformar o que se quereria exame distanciado em duelos retóricos sobre a distribuição de responsabilidades. Na ânsia de garantir o Contraditório, os novos empregadores do Sr. Sócrates caíram numa opção contraditória com o que anunciam.
           Homem Tentando Perceber o Seu Lugar no Universo, de Darwin Leon

2 comentários:

  1. rudolfo moreira21/03/13, 16:20

    o pior é os empregadores dele na estação pública sermos todos nós

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  2. Meu Caro Rudolfo,
    pois, por isso se deu a movimentação ded accionistas, perdão, petição que se conhece. Mas pode ter sido táctica do Ministro Relvas para ter um pretexto para acabar de vez com a RTP.

    abraço

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