Tintin na História


A revista francesa “Historia” e o jornal “Le Point” publicaram um número especial, em formato de álbum, onde são retratados momentos-chave do século XX, nomeadamente de 1930 a 1944, que inspiraram a obra de Hergé e a criação de várias das personagens que habitam no universo de um dos mais famosos e apreciados heróis da banda desenhada. “Les personnages de Tintin dans l'histoire” (encadernado, 130 páginas, 10,90 euros), disponível nas bancas portuguesas, reúne como autores vários historiadores, académicos e jornalistas e está dividido em capítulos que associam cada aventura de Tintin com uma personagem e um artigo sobre o período histórico no qual se insere.

O primeiro é obviamente sobre “Tintin no pais dos sovietes”, inspirado directamente no manifesto anti-soviético “Moscou sans voiles”, de Joseph Doulleit, e em destaque está o “duo para a vida” Tintin e o seu inseparável companheiro canino Milou. A enquadrar a primeira história do nosso “pequeno repórter”, podemos ler sobre a forma como a URSS se impõe como ditadura, controlada por um partido que vigia tudo e todos, e provoca uma catástrofe económica. A seguir um livro que hoje alguns tentam envolver em polémica, “Tintin no Congo”, complementado com um texto sobre a África colonial do homem branco, tendo como personagens Dupond e Dupont, inspirados no pai e no tio de Hergé. O milionário Rastapopoulos, inspirado em Onassis, leva-nos a “Os Charutos do Faraó” e aos rumores e maldições associadas às descobertas dos egiptólogos, nomeadamente o túmulo de Tutankamon. Depois, é a vez do amigo chinês Tchang, que aparece no álbum “O lótus azul” e do conflito sino-japonês. Outra guerra, desta vez entre a Bolívia e o Paraguai, vai inspirar “A orelha quebrada” e o general Alcazar. Já em “A ilha negra”, com o dr. Müller como personagem, viajamos até ao mundo dos falsários que lucravam no início dos anos 30. A excêntrica Castafiore é descrita a propósito de “O ceptro de Ottokar”, tendo como pano de fundo geográfico os Balcãs e histórico o Anschluss. Inspirado no filme “Le Capitainne Craddock”, surge em “O caranguejo das tenazes de ouro” o capitão Haddock e o problema do consumo e tráfico de ópio. Em “O segredo do Licorne” aparece pela primeira vez o mordomo Nestor e viajamos até ao mundo dos piratas. Por último, é a vez do Professor Girassol, inspirado em Auguste Piccard, que se estreia em “O tesouro de Rackham, o terrível”, com um artigo sobre o castelo de Cheverny.

Este livro inclui ainda um capítulo dedicado às aventuras de Tintin no cinema, não podendo deixar de falar no filme de Steven Spielberg que está a gerar grande expectativa. Por fim, os interessados em aprofundar os temas tratados podem recorrer às duas breves bibliografias, uma com obras sobre os momentos históricos referidos e outra sobre o mundo de Tintin.

Bastante interessante para os entusiastas de um dos nomes maiores da banda desenhada franco-belga, este é um álbum obrigatório na colecção de qualquer tintinófilo. [publicado na edição desta semana de «O Diabo»]

Em desacordo


António Emiliano, professor de Linguística na Universidade Nova de Lisboa, tem sido um incansável activista contra o Acordo Ortográfico (AO), com a mais-valia de saber exactamente do que fala. Depois de “Foi você que pediu um Acordo Ortográfico?” e “O Fim da Ortografia”, ambos de 2008, saiu no ano passado “Apologia do Desacordo Ortográfico” (brochado, 204 páginas, 18,17 euros), publicado pela Verbo, uma compilação dos textos de intervenção e entrevistas contra o AO que o autor escreveu para a imprensa, incluindo também alguns inéditos e um texto inicial de Miguel Esteves Cardoso.

Longe de ser uma polémica encerrada, a questão do AO é ainda bastante desconhecida e referida amiúde superficialmente ou dando apenas voz aos acordistas. Este livro, que tem uma leitura rápida e agradável, sendo acessível ao público em geral, é da maior utilidade para esclarecer fundamentadamente o que, como afirma o autor, é “um atentado contra o nosso património, o nosso povo e o nosso desenvolvimento”. [publicado na edição desta semana de «O Diabo»]

Para todos os amantes da Arte Cinematográfica

Existe uma Cinemateca Nacional, em Lisboa, desde 1948. Quem anda arredado destas lides verdadeiramente cinéfilas, pode consultar o sítio da Cinemateca Portuguesa antes de partir rumo à sala escura.

Para todos os amantes da Arte Fotográfica

Lisboa tem, desde 1942, um Arquivo Fotográfico. Pode visitá-lo virtualmente e deliciar-se pesquisando.

A brincar, a brincar...

Bartoon publicado no "Público" de ontem.

Caldo de Cultura (XIX)


A rentrée dos almoços das quintas foi marcada por algumas faltas de comparência (devidamente justificadas, bem entendido) e só o Duarte e o João apareceram. Nem por isso se deixou de fazer o habitual passatempo dos livros, desta vez bastante facilitado. Quem levou o quê?

Descartável


É impossível não reparar nas lojas de "compra de ouro" que, com o agravar da crise, surgem como cogumelos em todo o lado, aqui e no estrangeiro. Sinais incómodos de uma sociedade descartável, onde tudo se compra e tudo se vende. Sinais de uma "Obscenidade", como muito bem lhe chamou Pedro Correia num excelente texto no blog Delito de Opinião.

Das formas e das artes

Não me interessam todos os volumes, só por serem livros, pois quero-os com literatura dentro. Pela mesma ordem de razão, não gosto de todos os filmes, apenas por serem cinema, mas fascinam-me os que são (sétima) arte.

O Fim da Ortografia


“O Fim da Ortografia. Comentário razoado dos fundamentos técnicos do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990)”, de António Emiliano, professor de Linguística na Universidade Nova de Lisboa, publicado em 2008 pela Guimarães, é uma segunda versão do texto apresentado nesse ano ao Presidente da República na audiência concedida aos signatários da petição “Em defesa da Língua Portuguesa contra o Acordo Ortográfico”.

É um livro implacável que desmonta, tecnicamente, ponto por ponto, o Acordo Ortográfico, concluindo que se trata de “uma reforma ortográfica inexplicável”. Para António Emiliano, esta reforma, “por atentar contra a estabilidade do ensino, a valorização da língua e a integridade do seu uso, valores que a Constituição consagra e protege, (...) não serve o interesse de Portugal e deve, em consequência, ser impugnada e rejeitada.

Devemos desobedecer ao Acordo Ortográfico

É a única atitude a tomar face ao disparate que é o Acordo Ortográfico (AO). Na passada semana foi publicada nas páginas centrais do semanário "O Diabo", jornal que se opõe ao AO, a entrevista que fiz a António Emiliano, professor de Linguística na Universidade Nova de Lisboa, acompanhada de uma coluna de opinião do Humberto Nuno de Oliveira. Um documento a ler e divulgar, contra este atentado à nossa Língua.

Clique para ampliar

Sem efeitos


Este é o título que o "ípsilon" de anteontem dá à peça sobre o novo filme de John Carpenter, "O Hospício". Mais que o filme, interessou-me a atitude deste grande realizador, em especial o que diz sobre a grande "novidade" que entusiasma algumas pessoas: "Comentando o espectáculo do 3D, o realizador relembra que cresceu com as primeiras experiências tridimensionais nos anos 50: 'Foi ridículo na altura e (é) ridículo agora'."

Foi você que pediu um Acordo Ortográfico?


Um título engraçado, mas esclarecedor, para um opúsculo sobre um assunto demasiado sério. “Foi você que pediu um Acordo Ortográfico?”, de António Emiliano, professor de Linguística na Universidade Nova de Lisboa, publicado pela Guimarães, com prefácio de Vasco Graça Moura, foi apresentado publicamente em Maio de 2008 no Grémio Literário, em Lisboa.  Não perde a actualidade na mobilização contra este verdadeiro atentado contra a nossa Língua. A conclusão não podia ser melhor: "O Acordo Ortográfico de 1990 é, objectivamente, um atentado contra o nosso património, o nosso povo e o nosso desenvolvimento. Acordo não, obrigado. Não pedimos, não queremos, e, sobretudo, não precisamos."

O seu a seu dono

A minha visita à exposição “Avenida de Roma – Fotografias (1930-2011)” e consequente texto publicado n'«O Diabo» (reproduzido no post anterior) não teriam sido possíveis sem a excelente sugestão dada em boa hora pelo Bic Laranja. Muito obrigado.

Avenida de Roma

Esteve patente no núcleo fotográfico do Arquivo Municipal de Lisboa a exposição “Avenida de Roma – Fotografias (1930-2011)”, que mostrou a evolução desta “espinha dorsal” de uma das expansões da cidade que se tornou uma das zonas nobres da capital.

Cinema Roma nos anos 50.

Constituída por 50 imagens, sendo metade da colecção do arquivo, dando a conhecer a evolução da avenida entre os anos 30 e 80 do século XX, e as outras tiradas em 2011, pelo fotógrafo Luís Pavão, a exposição inclui ainda uma projecção de cerca de dez minutos onde é possível ver outras fotografias.

Há uma fotografia de Horácio Novais, de 1942, que capta a vista a partir do Hospital Júlio de Matos para aquela que seria a futura avenida, que funciona como uma porta de entrada para essa Lisboa nova que ali nasceu. Com um especial destaque ao cruzamento com a Av. dos EUA, intercalando fotografias de outros tempos com imagens deste ano, a exposição dá-nos um termo de comparação que nos permite ver as alterações arquitectónicas, mas também perceber e descobrir as alterações nas vivências neste espaço que se foi consolidando até aos nossos dias. Nota, por exemplo, para a fotografia de Salvador Almeida Fernandes, dos anos 50, do cinema Roma que, se compararmos com a actual, vemos como as árvores sobredimensionadas e o quiosque ‘kitsch’ taparam por completo este belíssimo edifício.

Aqui se observa a evolução do que já foi considerado por vários autores como o “paradigma do urbanismo português”, ou simplesmente recorda-se um sítio que faz parte da vida de tantos de nós. Como nos é dito – e muito bem – na descrição da exposição, esta é “uma avenida que, apesar das feridas infligidas pelas ‘marquises’, é ainda um exemplo do que de melhor se fez em Portugal em planeamento urbanístico”. [publicado na edição desta semana de «O Diabo»]

Estado de espírito

Hoje acordei (ainda) mais português e maurrasiano, e apetece-me dizer em alto e bom som: Não sou Europeu, sou Português, Português do único clã de Portugal.

Uma imagem


(Respeitosamente pilhada aqui)

Ainda no rescaldo das farsadas eleiçoeiras em terras lusa e platense, e para marcar a rentrée, não resisto em reproduzir um pequeno cartaz visto aqui e acolá em Buenos Aires, e que sintetiza muito gráfica e didacticamente o que yours truly pensa da enfermidade democratítica.

Não aceito

Repudio com absoluta veemência a decisão do Blogger de adoptar a grafia brasileira.