Artigo genuíno


Dei um salto ao Porto para conhecer e conversar com um fascista de verdade. Digo "de verdade" pois o vocábulo, esvaziado do seu conteúdo original e habilmente manipulado, foi transformado no pior insulto, usado pela metade da humanidade para desqualificar e condenar - definitivamente e sem perdão - tudo e todos de que/quem não gosta - isto é, a outra metade da mesma humanidade. Sim, este real McCoy, este autêntico nacional-revolucionário, este genuíno totalitário neo-fascista é o Professor António José de Brito. Do encontro com este monstro sagrado do pensamento anti-democrático português dos últimos cinquenta anos, cumpre registar neste curto espaço os aspectos que mais me impressionaram. Não vou referir a inteligência superior, a lógica implacável, a monumentalidade do saber, a trajectória "politicamente incorrecta" e rectilínea ao longo de toda uma vida - tal seria, na expressão de Nelson Rodrigues, o óbvio ululante. Chamo a atenção para a simplicidade e a simpatia, dois rasgos que dificilmente são associados à imagem do catedrático de nomeada. E para a espantosa memória e agilidade de raciocínio de alguém que, aos oitenta e três anos, é capaz de reduzir a pó de pedra interlocutores com um terço da sua idade. Se é certo que há momentos na vida que deixam uma marca indelével, este foi, com toda certeza, um deles.

3 comentários:

  1. Brilhante postal. E mais não digo, para não borrar a pintura, perante as tuas certeiríssimas e finíssimas palavras, caro confrade Marcos.

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  2. Já tentei explicar a simpáticos Interlocutores gauchistes que, sendo a língua coisa em mutação, o termo "fascista" há muito largou a significação de adepto ou nostálgico de Mussolini, para querer dizer "aquele de quem não se gosta". E costumo ilustrar a coisa, dizendo «Vocês /eles) são os meus fascistas». Outro tanto poderia fazer ao Cavalheiro da imagem, mas não por ele me desgostar, antes porque ainda me agradeceria tê-lo compreendido...
    Ab.

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  3. Gentileza do Amigo, Caro João! Escrevi apenas o que senti.

    Caro Paulo: já dizia Mestre Maurras que o maior inimigo da mentalidade revolucionária seria alguém que ensinasse aos homens a antiga arte das definições.

    Abraços a ambos.

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